Brain Rot – Qual é o significado deste termo “não tão” recente?

Brain Rot

Primeiro de tudo, se você esperava ler sobre os terríveis memes italianos e personagens deploráveis como “Tralalero Tralala”, este não é um texto para você… Meu nome é Mauri Kanagawa Christoffersen e o meu objetivo com esta breve análise é deixá-los um pouco mais a par sobre este recente fenômeno global…

Mas o que seria, então, o termo “brain rot”? Traduzido literalmente como “apodrecimento cerebral”, é uma expressão coloquial que ganhou destaque nas redes sociais e espaços digitais, especialmente entre jovens. Embora não seja um termo técnico da neurociência ou psicologia, ele tem sido amplamente utilizado para descrever o impacto negativo do consumo excessivo e passivo de conteúdos digitais de baixa qualidade, repetitivos ou superficialmente estimulantes, como vídeos curtos, memes e fluxos constantes de entretenimento sem propósito cognitivo.

Do ponto de vista sociocultural, “brain rot” refere-se à sensação subjetiva de perda de foco, diminuição da capacidade de concentração e queda no desempenho cognitivo após longos períodos de exposição a mídias que oferecem gratificação instantânea, mas pouca ou nenhuma exigência mental. O conceito é frequentemente associado à “economia da atenção”, em que plataformas digitais competem pelo tempo do usuário oferecendo conteúdos cada vez mais rápidos, sensacionalistas ou caricatos.

Como podemos perceber, estes conceitos estão cada vez mais presentes nos dias atuais, onde a globalização e a tecnologia fazem parte integral do nosso cotidiano e, por consequência, do desenvolvimento direto das próximas gerações. Tanto é que, em 2024, Oxford elegeu “brain rot” como o termo mais importante do ano. E eu, humildemente, diria que é um dos mais relevantes da década…

Mas como, exatamente, esse fenômeno pode afetar diretamente nossas crianças no campo do aprendizado? Estudos recentes em neuroeducação indicam que o cérebro, ao ser constantemente exposto a estímulos rápidos e recompensas imediatas, pode ter sua capacidade de manter a atenção sustentada comprometida (Carr, 2010; Vogel et al., 2020). Como consequência, habilidades como leitura aprofundada, pensamento crítico e retenção de informações complexas podem ser prejudicadas. Alunos que vivenciam esse tipo de overload digital tendem a apresentar maior dificuldade em engajar-se em tarefas que exigem esforço cognitivo prolongado, como estudar para provas, escrever textos argumentativos ou resolver problemas complexos.

Além disso, o “brain rot” pode afetar a motivação intrínseca para o aprendizado. O sistema de recompensa cerebral, ao se acostumar com estímulos intensos e rápidos, tende a considerar atividades acadêmicas tradicionais — que oferecem retorno mais lento — como entediantes ou desinteressantes. Isso representa um desafio importante para educadores, que precisam encontrar um equilíbrio entre a utilização de recursos digitais no ensino e a promoção de práticas que desenvolvam atenção, reflexão e autonomia intelectual.

Ademais, gostaria de fazer um exercício de futurologia no que diz respeito à linguística, área em que atuo. Considero que essas tendências de empobrecimento idiomático estão fazendo com que as futuras gerações percam, gradativamente, suas individualidades comunicativas. Ao meu ver, é cada vez mais comum encontrarmos gírias e expressões sendo utilizadas universalmente (geralmente em inglês, pois são as mesmas que grandes influenciadores utilizam em seus vídeos, posts e feeds). E quanto mais as pessoas passarem a se comunicar com os mesmos termos, trejeitos e maneirismos, mais nos encaminharemos para um futuro distópico no qual nossos descendentes terão menos individualidades, sem uma personalidade linguística característica que nos torna únicos… Ou seja, um verdadeiro apodrecimento cerebral!  

Sendo assim, embora o termo “brain rot” seja informal e muitas vezes usado em tom humorístico, ele aponta para uma realidade crescente: a necessidade de refletirmos criticamente sobre os hábitos digitais e suas consequências no processo de aprendizagem. A educação contemporânea deve, portanto, incluir a formação de uma “higiene digital”, que incentive o uso consciente da tecnologia e fortaleça habilidades cognitivas fundamentais para o pensamento profundo e o aprendizado significativo.

Author: Mauri Kanagawa Christoffersen

 

Referências

CARR, N. The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains. New York: W.W. Norton & Company, 2010.

DAVENPORT, T. H.; BECK, J. C. The Attention Economy: Understanding the New Currency of Business. Boston: Harvard Business School Press, 2001.

ROSA, L. M.; MOREIRA, J. B. O impacto das mídias digitais na motivação e na saúde mental de adolescentes. Revista Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v. 26, n. 1, p. 45-58, 2022.

VOGEL, E. A. et al. Digital Media Use and Brain Development in Children. Nature Communications, v. 11, n. 1, p. 1–10, 2020.

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